Blog Alma Missionária

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

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2 de Outubro é o dia do Santo Anjo da Guarda


"Não desprezeis nenhum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos Céus sempre vêem a Face de meu Pai, que está nos Céus." Jesus Cristo (Mateus 18,10)


Deus, que criou todas as coisas, criou também os anjos, para o seu Serviço. Criou-os para serem eternamente felizes e para que nos ajudem e guiem, e auxiliem especialmente a toda a sua Igreja.

Entretanto, uma grande parte desses anjos incorreu no grave pecado da soberba, pois desejaram tornar-se iguais ao próprio Criador. Por isso Deus os condenou e os precipitou ao inferno. Esses anjos rebeldes são chamados espíritos maus, "diabos" ou demônios, e têm Satanás como líder . Escolher o bem ou o mal é possível tanto aos homens quanto aos anjos, como diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC):

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"Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para o seu último destino por livre escolha e amor preferencial. Podem, por conseguinte, desviar-se. De fato, pecaram. Foi assim que entrou no mundo o mal moral, incomensuravelmente mais grave que o mal físico." (§311)

Os anjos fiéis a Deus são os chamados santos anjos, anjos bons ou simplesmente anjos, pois foi para a bondade e a obediência que foram criados. Dentre estes é que Deus escolhe nosso Anjo da Guarda, que é pessoal e exclusivo, cuja função é proteger-nos até o retorno da nossa alma à Eternidade. O Anjo da Guarda nos ampara e defende dos perigos com que os espíritos maus nos tentam, em nossa vida terrena, pois "aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos, eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra" (Sl 90,11-12).

Os Anjos da Guarda estão repletos de dons e privilégios especiais; possuem natureza espiritual, reflexo da Beleza e das Virtudes de Deus, por isso impossível de ser representada.

Em um dos seus textos, São Francisco de Sales esclarece que a tarefa dos anjos é levar as nossas orações à Bondade Misericordiosa do Altíssimo, e de informar-nos se elas foram atendidas. Assim sendo, as graças que recebemos nos são dadas por Deus, que é o Princípio e o Fim de nossa vida, através da intercessão de nosso Anjo da Guarda.

A devoção aos anjos é mais antiga até que a dos próprios santos, ganhando maior vigor na Idade Média, quando os monges solitários recorriam com mais intensidade à sua companhia e auxílio, cuja presença era sentida em suas vidas de silenciosa contemplação e íntima Comunhão com Deus.

Devemos amar, respeitar e seguir o nosso o Anjo Guardião, Anjo Custódio ou Anjo de Guarda, pois  está sempre pronto a nos proteger, animar e orientar para cumprirmos a nossa missão terrena, trilhando o Caminho de Cristo e, assim, ingressarmos na Glória eterna.


Os anjos, entre devoção e mistificação
Entrevista com o padre Marcello Stanzione, especialista (Agência Zenit)

A devoção ao Anjo da Guarda, infelizmente, parece já não estar entre as prioridades da formação dos católicos, ao mesmo tempo em que emerge uma atenção doentia por anjos e demônios, suscitada por seitas e movimentos ditos "new age".

Para enfrentar este tema de grande atualidade, Voz da Igreja publica a entrevista que o padre Marcello Stanzione concedeu ao portal Zenit. Pe. Marcello, pároco da Abadia de Santa Maraa La Nova (Campagna - Itália), é grande especialista no tema e autor de numerosos ensaios e livros; o último intitula-se "365 dias com os Anjos" (365 Giorni con gli Angeli», editora Gribaudi).

Padre Marcello refundou, em 2002, a associação católica "Milícia de São Miguel Arcanjo", que organiza a cada ano uma reunião teológico-pastoral sobre os anjos. Acaba de ser celebrada, nos dias 1 e 2 de junho, a segunda edição dessa reunião, na Abadia de Santa Maria La Nova, com o tema "A Volta dos Anjos Hoje, entre Devoção e Mistificação". Segue a entrevista:

Zenit – O que representam os anjos para a fé católica e por que hoje suscitam mais interesse entre outros grupos e movimentos religiosos do que entre os cristãos?

Padre Marcello: Lamentavelmente, a catequese e a evangelização foram um pouco carentes neste ponto do conhecimento do mundo dos anjos. Outros se aproveitaram do vazio que se criou. Na Teologia, o que é central é a doutrina sobre Deus, sobre a Santíssima Trindade e sobre Jesus Cristo, mas os anjos não são realidades inúteis ou supérfluas, porque fazem parte da Revelação de Deus.

Os anjos são criaturas como nós, com uma diferença ontológica. Nós nascemos e morremos, os anjos não morrem e nos foram dados por Deus para fazer-nos companhia. Os anjos são um complemento importante na criação do corpo, são os melhores amigos dos seres humanos. Um teólogo escreveu que os anjos são servos de Deus e se fazem servos de quem se faz servo de Deus.

Alguns sustentam que Jesus Cristo, sendo o único Mediador, não tem necessidade dos anjos. Na realidade, nos Atos dos Apóstolos, não está só o Espírito Santo, mas a história da Igreja primitiva que revela o papel fundamental dos anjos. Podemos dizer que Jesus Cristo é o único Mediador e os anjos colaboram na Mediação de Jesus Cristo. A queda da atenção e veneração dos anjos, nos últimos cinquenta anos, deve-se a uma certa secularização, influenciada por uma deriva protestante que critica a veneração a Nossa Senhora, aos santos e aos anjos. Sobre a natureza e o papel dos anjos não se fez uma evangelização clara e há uma certa confusão, inclusive entre os católicos.

Escrevi e publiquei vários textos de orações cristãs aos anjos para evitar que também os catequistas cressem ou usassem os textos ambíguos que circulam nas livrarias. Vários desses textos ambíguos são resenhados por revistas católicas sem fazer nenhuma observação crítica(!). São ensaios que se baseiam na astrologia, nos 365 graus do zodíaco, etc., e sustentam que a cada cinco graus há um anjo protetor, razão pela qual quem nasceu nestes cinco graus tem esse anjo protetor(sic)...

É uma espécie de "magia branca". Conheci várias pessoas da Igreja que confundiam a devoção católica com esses ritos. Por outro lado, bastaria entrar em uma livraria para encontrar no setor esotérico uns 30 ou 40 títulos sobre os anjos. Isso indica a grande confusão que existe hoje. Há poucos autores católicos que escrevem textos ortodoxos sobre os anjos.


Zenit
 – A intercessão dos anjos ante Deus passa desapercebida pelos católicos?

Padre Marcello: Existe este problema. Para algumas pessoas é cômodo usar os anjos para falsear a relação com Jesus Cristo e com as instituições eclesiásticas. Deste modo, se falseia também o ensinamento dos dez mandamentos e o da moral. É uma "religião à la carte" com os anjos, que servem para fazer a pessoa encontrar um namorado ou um lugar no estacionamento para o carro. Em resumo, faz-se um uso banal, um uso "mágico". No entanto, o anjo tem uma grande dignidade; inclusive o anjo mais simples é muito mais inteligente e potente que o ser humano (se pensarmos que é um ser que vive em intimidade constante com Deus e que vive eternamente, fica fácil compreender porquê). É evidente a carência que se deu ao educar as novas gerações na devoção e na relação com os anjos. Desde há quinze anos me ocupo desta questão e, nesta obra de educação, sou apreciado e apoiado por meu bispo.


Zenit
 – Os anjos são anteriores à criação do homem? O que acontece com Lúcifer?

Padre Marcello: Sobre o nascimento dos anjos existe um debate em curso: alguns sustentam que os anjos foram criados antes que o homem; e outros acham que foram criados juntamente com o homem.

Quanto a Lúcifer, é a prova de que Deus não impõe a fé e não quer ser amado pela força, senão que dá liberdade de escolha. É necessário precisar que não há dualismo, no sentido de que Lúcifer não é antagonista de Deus. Lúcifer é antagonista de Miguel, porque Deus não se abaixa para combater Lúcifer, mas envia Miguel.


Zenit – Qual é o objeto do congresso que organiza anualmente?

Padre Marcello: Cada ano, no começo de junho, fazemos uma reunião sobre os anjos. No ano passado aprofundamos na figura de São Miguel. Neste ano falamos dos anjos hoje, entre devoção e mistificação. O ano que vem aprofundaremos na relação entre os anjos e os santos.

Deste modo, queremos encher uma lacuna e superar o preconceito pelo qual a discussão sobre os anjos não se considera digna de debate teológico. Nós damos aos nossos congressos um enfoque teológico e sobretudo pastoral.


Zenit – É plausível e cristão pensar que cada um de nós tem um Anjo da Guarda?

Padre Marcello: Quem não crê na existência do Anjo da Guarda se situa fora da Doutrina da Fé! Cada pessoa tem um anjo como um bom pastor, diz também o Catecismo da Igreja Católica*. Não se pode dizer que se crê em Deus, no Espírito Santo, em Nossa Senhora, sem crer nos anjos.

[*"Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela assistência e intercessão dos anjos "Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida" (São Basílio Magno, Adversus Eunomium 3, 1; SC 305, 148 (PG 29, 656B). Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus." (CIC §336)]

Nós vemos os anjos na história da Bíblia e na história da Igreja. Muitos santos tiveram contatos frequentes com os anjos, experimentaram uma relação. Diversos místicos falam da relação com os anjos.


Zenit
 – O que sugere, então?

Padre Marcello: Penso que os tempos estão maduros para que nas Faculdades teológicas se criem cursos sobre angelologia e demonologia.




A celebração especialmente dedicada aos Anjos da Guarda começou na Espanha, no final do ano 400, propagando-se por toda a Europa em poucos séculos. Antes, ela ocorria no dia 29 de setembro, junto com a do Arcanjo Miguel, guardião e protetor por excelência. O dia 2 de outubro foi fixado em 1670, pelo papa Clemente X, para celebrar separadamente o nosso santo Anjo da Guarda. Para ele, a Igreja ditou uma das suas mais belas orações tradicionais, que diz:

_______"Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a Piedade Divina, sempre me rege, me guarda, me governa e ilumina, agora e sempre; Amém!"

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