Blog Alma Missionária

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sábado, 20 de outubro de 2012

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PRISIONEIROS DA PRÓPRIA FÉ

O coração humano nem sempre crê com liberdade. Para alguns judeus é inconcebível que Deus seja Alá ou tenha escolhido Maomé como seu profeta. Para um muçulmano é inadmissível que Deus tenha se encarnado como profeta judeu. Para um judeu é inadmissível crer, com os cristãos, que seu profeta de Nazaré seja o próprio Deus. Para um cristão, sobretudo os mais falantes e fazedores de adeptos, é inimaginável que as outras religiões e os ateus ainda não tenham percebido que Jesus é Deus que e encarnou entre nós. Assim com budistas, shintoistas. Dentro de todas as religiões, grupos mais radicais costumam afirmar sua fé como a única e melhor e a dos outros como cheias de erros crassos, por mais gente boa que tenha formado.
No fundo, somos todos prisioneiros da fé que assumimos. Bastaria assumir uma fé e tentar vive-la, o que já é sumamente difícil. Desconfiemos sempre do pregador de fé fácil e garantida. Uma vez que aderirmos, ele vai complicá-la e, como estes contratos cheios de más intenções por conta de clausulas ocultas ou subentendidas, dirá que não mentiu e que foi o fiel que não entendeu…
São poucos os pregadores que admitem não ter todas as respostas na ponta da língua, poucos os que aceitam aprender com os outros, poucos os que, tendo profetizado e curado errado, admitem seu erro. É praxe dar o microfone para o testemunho do fiel curado e agraciado. Nunca vi os mesmos pregadores darem o microfone para o mesmo fiel que volta com atestado médico afirmando que a doença voltou com mais intensidade. No médico existe o direito ao retorno e nova consulta gratuita, mas em alguns púlpitos transformados em show de curas e exorcismos, quase nunca se vê fieis retornarem para testemunhar que não foram curados da primeira vez… Se houver eu gostaria de saber onde e como. O que vejo é o marketing afirmativo da maioria dos pregadores. Não há talvez, nem “desculpem: enganei-me”. Falam como quem tem certeza de tudo.
A Bíblia que eu conheço ensina, sobretudo no Novo Testamento que a vontade de Deus é soberana. O próprio Jesus ensinou a orar e pedir, mas a aceitar, como ele mesmo fez, a vontade do céu. Se ele é Deus como afirmamos, então ele, humanado, estava ensinando que há um Deus Uno e Trino cuja vontade é decisiva e decisória.
Não estranhemos se outras religiões acham nossa fé estranha. Se achamos estranhas as deles, por que exigiríamos que creiam como nós? Convicção pessoal é uma coisa; impô-la nos outros é bem outra. Não aceitaríamos usar os óculos de outro míope só porque fizeram bem a ele. Cada míope com a sua miopia. Nossa fé pode ter resolvido nossa miopia, mas não resolverá a dos outros. Vivamos o que cremos e respeitemos quem vê o céu e a terra de outro ângulo. O Deus que amamos os ama!

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