Blog Alma Missionária

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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ENTREVISTA COM SATÃ – Parte 1 (Reirado do site:salvaialmas.org




Nos dias que passaram, recebi este livro de um site espanhol, livre para tradução, uso e edição. Trata-se de uma entrevista de um padre exorcista – padre Domênico Mondrone, conforme dados logo abaixo – feita com satanás. Mal passei um visão sobre os textos e não parei mais de ler. E cheguei até mesmo a chorar quando percebi a exatidão que havia entre tudo aquilo que sempre temos tentado dizer para as pessoas, e aquilo que o próprio satanás, por força de Nossa Senhora, era obrigado a dizer.
De fato ele se obriga a falar a verdade, mesmo contra a sua furiosa vontade, e este simples fato de não poder nem com Nossa Senhora, que é simples criatura, já deveria fazer com que eles desistissem de seu intento de suplantar a Deus. Imaginem, se não podem nem com ela, como poderão lutar com o Todo Poderoso. Deus apenas dá cordas para que eles mais se enforquem, mais se autodestruam, mais se esmaguem em sua eterna solidão odiosa. Na realidade, eles não ganham nada em lutar contra Deus, só perdem, mas mesmo assim continuam. Vamos ao livro, e que o Espírito Santos vos ilumine a todos.
UM EXORCISTA ENTREVISTA
AO DIABO
Edizioni PRO SANCTITATE
DOMENICO MONDRONE S.I,
UM EXORCISTA ENTREVISTA AO DIABO
1ª Edição Espanhola 2004 (traduzido da 31a. edição italiana 1976)
Editorial PRO SANCTITATE
Roma
Quem é Satanás? Que quer? Como atua?
PRÓLOGO
O Autor não está entre os que se envergonham de crer na existência do Diabo e de sua nefasta atividade no mundo e, às vezes, prejudicando a infelizes indivíduos. Ele aceita totalmente o ensinamento de Paulo VI, exposto no discurso de 15 de novembro de 1972.
Bem como demonstra haver tido alguma experiência direta com o Maligno na prática real dos exorcismos; adiciono ainda que tive troca de impressões e de idéias com outros sacerdotes melhor treinados na mesma experiência. Com certeza li o livro de C. S. Lewis Le Lettere de Berlicche; mas é outra coisa. Sobretudo tive presente a apreciável obra de Corrado Balducci Os endemoniados, e ainda Era de diabo de A.Bohm e outros textos.
Em particular parece que o Autor aprofundou na famosa meditação de As duas Bandeiras, onde o santo dos Exercícios Espirituais, com uma grande eficácia representativa, faz-nos ver o chefe de todos os demônios enquanto, «na figura horrível», expõe aos seus seu programa de ação e a tática que utiliza para apanhar em suas redes as almas e as massas inteiras de homens.
Nas páginas que seguem, o Autor quis oferecer-nos simplesmente uma rápida idéia do ser e do comportamento deste anjo tenebroso que trabalha incansavelmente para causar-nos dano.
O Diabo é o maior mestre dos enganos, é um trapaceiro de astúcia incomparável, que não atua descoberto, mas às escondidas; trabalha na sombra, e sempre considera como inteligentes aos que não crêem em suas artimanhas, e inclusive negam sua existência. Assim, os primeiros em cair em suas redes são precisamente os sabichões, os chamados “espíritos fortes”, os grandes iluminados da ciência deste mundo.
«A astúcia mais perfeita do Demônio, escreveu Charles Baudelaire, consiste em persuadir-nos de que ele não existe». Negar, por isso, a existência e a ação do Maligno é começar a assegurar-lhe já sua vitória sobre nós.
O Autor, com base em sua experiência, crê que Deus pode talvez permitir – como no caso dos exorcismos – que o Maligno seja interlocutor com quem o exorciza… Este último, com a autoridade de Cristo e da Igreja, pode obrigar o Maligno a responder a perguntas precisas propostas a ele e, às vezes, ainda que é o pai da mentira, arrancar-lhe algumas verdades… O Autor se serve deste poder de maneira mais abundante… Se recorre à fantasia sobre o modo de preparar e de desenvolver os encontros, com isto não pretende dizer que são fantásticas tantas verdades justificadas pela realidade das coisas. O que aqui ameaça, vai realizando-a. De resto: «Para quem crê, nenhuma explicação é necessária; enquanto para os que não crêem, nenhuma explicação é possível»
PAI NOSSO… LIVRAI-NOS DO MAL > Discurso de Paulo VI – 15-XI-1872)
Quais são hoje as maiores necessidades da Igreja? Não lhe pareça simplista, ou inclusive supersticiosa ou irreal, nossa resposta: Uma das necessidades maiores é a defesa desse mal que se chama Demônio.
Antes de esclarecer nosso pensamento, convidamos o seu a abrir-se à luz da fé sobre a visão da vida humana, visão que desde este observatório se abre imensamente e penetra em profundidades singulares… E, na verdade, o quadro que estamos convidando a contemplar com realismo global é muito belo… É o quadro da criação, a obra de Deus, que o próprio Deus, como espelho exterior de sua sabedoria e de sua potência, admirou em sua beleza substancial (Gen 1,10).
Depois é muito interessante o quadro dramático da humanidade, de cuja história emergem a da redenção, a de Cristo, a de nossa salvação com seus maravilhosos tesouros de revelação, da profecia, da santidade, da vida elevada ao nível sobrenatural, das promessas eternas” (Ef. 1,10).
Sabendo olhar este quadro, não pode um não permanecer encantado (Santo Agustinho, Solilóquios): Tudo tem um sentido, tudo tem um fim e tudo deixa entrever uma Presença-Transcendência, um Pensamento, uma Vida e finalmente um Amor, pelo qual o universo, pelo que é e pelo que não é, apresenta-se a nós como uma preparação entusiasmante e gozosa de tantas coisas belas e ainda mais perfeitas do que esperamos (1 Co 2,9; 13,12; Rom 8,19-23).
A visão cristã do cosmos e da vida é, por tanto, triunfalmente otimista; esta visão justifica nossa vida e nosso reconhecimento de viver, pelo que nós, celebrando a glória de Deus, cantamos nossa felicidade (cf. O Glória da Missa) (NT.: Gloria cantado em latim).
O ensinamento bíblico
Mas é completa esta visão? É exata? Não nos importam em nada as deficiências que há no mundo? As disfunções do mundo com respeito a nossa existência? A dor, a morte, a maldade, a crueldade, o pecado: numa palavra, o mal? E não vemos quanto mal há no mundo? Especialmente quanto mal moral, ou seja, simultaneamente, se bem diversamente, contra o homem e contra Deus? Não é este triste espetáculo um mistério inexplicável? E não somos nós, precisamente nós seguidores do Verbo, os cantores do Bem, nós crentes, os mais sensíveis, os mais turvados pela observação e a experiência do mal?
Encontramo-lo no reino da natureza, onde tantas manifestações suas nos parece que denunciam uma desordem. Depois o encontramos no âmbito humano onde encontramos a debilidade, a fragilidade, a dor, a morte, e inclusive coisas piores, uma dupla lei contrastante, uma que quer o bem e a outra pelo contrário voltada para o mal, tormento que São Paulo coloca em humilhante evidência para demonstrar a necessidade e a fortuna de uma graça salvadora, da salvação trazida por Cristo (Rom 7); já o poeta pagão tinha denunciado este conflito interior no próprio coração do homem: “video meliora, proboque, deteriora sequor» (Ovidio Met 7,19).
Encontramos o pecado, perversão da liberdade humana, e causa profunda da morte porque é separação de Deus, fonte da vida, (Rom 5,12), e depois, a sua vez, ocasião e efeito de uma intervenção em nós e em nosso mundo de um agente obscuro e inimigo, o Demônio.
O mal não é só uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor. Terrível realidade. Misteriosa e pavorosa.
Sai do quadro dos ensinamentos bíblico e eclesiástico quem recusa reconhecê-la como existente: e também quem faz disto um princípio em si mesmo, não tendo ele mesmo, como toda criatura, origem em Deus; inclusive a explica como uma pseudo-realidade, uma personificação conceitual e fantástica das causas desconhecidas de nossas más obras.
O problema do mal, visto em sua complexidade e em seu absurdo com relação a nossa racionalidade unilateral, torna-se obsessão. Isto constitui a dificuldade mais forte para nossa inteligência religiosa do cosmos. Por isto Santo Agostinho sofreu durante anos: “Quaerebam unde malum, et non erat exitus”, Eu buscava de onde proviesse o mal e não encontrava explicação (Confissões VII, 5,7,11, etc. P L. 32, 736, 739).
Aqui vemos a importância que tem a advertência do mal para nossa correta compreensão cristã do mundo, da vida, da salvação. Primeiro no desenvolvimento da história do Evangelho ao princípio da vida pública: Quem não lembra a página densíssima de significados da tripla tentação de Cristo? Depois em tantos outros episódios evangélicos, nos quais o Demônio cruza os passos do Senhor e figura em seus ensinamentos (Mt 12,43). E como não recordar que Cristo, referindo-se três vezes ao Demônio, como seu adversário o qualifica como «príncipe deste mundo» (Jn 12,31; 14,30; 16,11)?
E a incumbência desta nefasta presença é assinalada em muitíssimos passos do Novo Testamento. São Paulo o chama “o deus deste mundo” (II Co 4,4) e nos põe de sobreaviso sobre a luta contra as trevas, que nós os cristãos devemos sustentar não com um só Demônio, mas com uma temerosa pluralidade: «Revesti-vos, diz o Apóstolo, da armadura de Deus para poder afrontar as insídias do diabo, porque nossa luta não é somente com sangue e com a carne, mas contra os Principados e as Potestades, contra os dominadores das trevas, contra os espíritos malignos do ar” (Ef. 6,11-12).
Diversas citações evangélicas nos indicam que não se trata só de um Demônio, e sim de muitos (Lc11,21; Mc 5,9), mas um é o principal: Satanás, que quer dizer O Adversário, o inimigo; e com ele muitos, todos criaturas de Deus, mas caídas porque se rebelaram e estão condenadas (Cf. Denz Sch 800-428); todo um mundo misterioso desbaratado por um drama desgraçado, do qual conhecemos muito pouco.
O semeador oculto dos erros
Entretanto conhecemos muitas coisas deste mundo diabólico, que se relacionam com nossa vida e com toda a história humana. O Demônio está na origem da primeira desgraça da humanidade; ele foi o tentador dissimulado e fatal do primeiro pecado, o pecado original (Gen 3; Sb 1,24). Daquela queda de Adão, o Demônio adquiriu um certo poder sobre o homem, do qual só a redenção de Cristo nos pode livrar. É história que perdura; recordemos os exorcismos do batismo e as freqüentes referências da Sagrada Escritura e da Liturgia à agressiva e opressora “potestade das trevas” (Lc 22,23; Col 1, 13).
É o inimigo número um, é o tentador por excelência. Sabemos por isto que este ser obscuro e perturbador existe verdadeiramente, e que com astúcia traidora atua; é o inimigo oculto que semeia erros e desventuras na história humana. Recordemos a parábola evangélica reveladora do grão bom e da cizânia, síntese e explicação do absurdo que sempre preside nossas vicissitudes contrastantes: Inimicus homo hoc fecit” (Mt 13,28). É “o homicida desde o princípio… e pai da mentira”, como o define Cristo (Jn 8,44-45); é o instigador do equilíbrio moral do homem.
É o pérfido e astuto encantador, que sabe insinuar-se em nós, pela via dos sentidos, da fantasia, da concupiscência, da lógica utópica, ou de desordenados contatos sociais no jogo de nosso agir, para introduzir-nos desviações, tanto mais nocivas quanto conformes à aparência de nossas estruturas físicas ou psíquicas, ou de nossas instintivas e profundas aspirações.
Este tema sobre o Demônio e o influxo que ele exerce sobre os indivíduos, sobre as comunidades, sobre sociedades inteiras, sobre acontecimentos é um capítulo muito importante da Doutrina Católica que se deve estudar de novo, apesar de que hoje se lhe dá pouca importância.
Alguns pensam encontrar nos estudos psicanalíticos e psiquiátricos ou em experiências espiritistas – hoje por desgraça muito difundidas em alguns países – uma fundamentação suficiente. Teme-se recair em velhas teorias maniqueístas ou em pavorosas divagações fantásticas e supersticiosas. Hoje se prefere mostrar-se fortes e sem preconceitos, positivistas, exceto em dar sua fé a tantas gratuitas posturas mágicas ou populares, ou pior ainda, abrir a própria alma – a própria alma batizada, visitada tantas vezes pela presença eucarística e habitada pelo Espírito Santo! – às experiências licenciosas dos sentidos e aquelas deletérias dos estupefacientes, como também às seduções ideológicas dos erros de moda, fissuras estas através das quais o Maligno pode facilmente penetrar e alterar a mente humana.
Não está dito que todo pecado seja devido diretamente à ação diabólica (S. Th. 1,104,31) mas também é verdade que quem não vigia com certo rigor sobre si mesmo (Mt 12,45; Ef 6,11) se expõe ao influxo do “Mysterium iniquitatis”, ao que São Paulo se refere (II Ts 2,3-12) e que faz problemática a alternativa de nossa salvação.
Nossa doutrina se torna incerta, obscurecida como está pelas próprias trevas que circundam ao Demônio. Mas nossa curiosidade, excitada pela certeza de sua existência múltipla, faz-se legítima com duas perguntas:
Quais são os sinais da presença diabólica e quais são os meios de defesa contra este tão insidioso perigo?
A presença da ação do Maligno
A resposta à primera pergunta impõe muita cautela, ainda que os sinais do Maligno parecem tão evidentes (Cf. Tertuliano, Apol 23). Podemos supor sua ação sinistra ali onde a negação de Deus é radical, sutil e absurda, onde a mentira se afirma hipócrita e potente, contra a verdade evidente, onde o amor se apagou devido a um egoísmo frio e cruel, onde o nome de Cristo é impugnado com ódio consciente e rebelde (1 Co 16,22; 12,3), onde o espírito do Evangelho é adulterado e desmentido, onde o desespero se afirma como a última palavra, etc. Mas é um diagnóstico muito amplo e difícil, que nós não nos atrevemos agora a aprofundar e autenticar, não por isso privado de dramático interesse, ao qual também a literatura moderna dedicou páginas famosas (cf. As obras de Bernanos, estudadas por Ch. Moeller Littér du XX siècle, I, Pag 397 ss; P. Macchi Il volto del male di Bernanos: satan; Études Carmélitaines, Desclée de Br. 1948)
O problema do mal aparece como um dos maiores e permanentes problemas para o espírito humano, inclusive depois da resposta vitoriosa que nos dá Jesus Cristo: “Nós sabemos que nascemos de Deus, e que todo o mundo foi posto sob o Maligno”(I João 5,19).
Nossa defesa
À outra pergunta: Que defesa, que remédio por à ação do Demônio? A resposta é mais fácil de formular, mas é difícil levar à prática. Poderemos dizer: Todo o que nos defende do pecado, nos defende por isso mesmo do inimigo invisível. A graça é a defesa decisiva. A inocência assume um aspecto de fortaleza e depois cada um recorda o que a pedagogia apostólica havia simbolizado na armadura de um soldado, as virtudes que podem fazer invulnerável ao cristão (Rom l3,12; Ef 6,11.14.17; 1 Ts 5,8). O cristão deve ser militante, deve ser vigilante e forte (I Pe 5,8); e às vezes deve recorrer a algum exercício ascético especial para afastar certas incursões diabólicas; Jesus assim o ensina indicando o remédio “na oração e no jejum” (Mt 9,29 ). O Apóstolo sugere a linha mestra a ter em conta: “não os deixeis vencer pelo mal, antes vencer o mal com o bem” (Rom 12,21; Mt 13,29).
Com a certeza das adversidades presentes nas que hoje as almas, a Igreja e o mundo se encontram, nós buscamos dar sentido e eficácia à costumeira invocação de nossa principal oração: «Pai Nosso… livrai-nos do mal». A tudo isto ajuda também nossa benção apostólica.
* * *
N.B.
Referindo-se a outra reflexão, feita pelo Papa sobre o diabo, Michele Federico Sciacca, num artigo publicado em 7-fevereiro-1975 no jornal Il Tempo de Roma, com o título Satanás entre nós, escrevia:
“Mal foi ao Papa Paulo VI, faz algum tempo, por ter aludido ao diabo no sentido do Antigo e do Novo testamentos. Abra-se, inferno! Foi acusado de retorno ao Medieval, de obscurantismo, de superstição, de ofensa em pleno 1974 à ciência e ao espírito científico racionalista e progressista. Mas, em resumidas contas, este maldito Satanás vive ou não vive? Se se o considera de uma parte, seguindo o Evangelho, como o tentador e o acusador que encarna o mal, então dizem que é um atraso de obscurantistas crer em sua existência e afirmam que não existe; e por outra parte se se o identifica – e Satanás o repete – com a razão humana rebelde e triunfante, com a que sorridente e operante vive «na matéria que nunca dorme», então afirmam profeticamente que é o símbolo sublime de toda graça verdadeira e vitoriosa… daquele ex-Deus. Superstição obscura esta que procede da ciência iluminista, e portanto sutilmente mundana… Disto se deduz que estas afirmações procedem de uma mentalidade radicalmente perversa, (cf. Michele Federico Sciacca, il magnifico oggi. Roma Città Nuova 1976 P. 283 ss).
QUEBRA-DE-BRAÇO COM O MALIGNO
A idéia deste escrito me veio de improviso numa tarde de agosto do ano passado de graça e de desgraças, 1974.
Foi assim: Desde há dois meses, talvez antes, quase todos os dias, às três da tarde em ponto, o Segundo Canal da RAI emitia um programa intitulado “Entrevistas impossíveis”.
Tratava-se de encontros entre literários, jornalistas e estudiosos de cultura variada com homens do passado: com personagens do pensamento, da arte, da política introduzidos bem ou mal na história, com nome mais ou menos famosos.
O programa era original e, se bem coincidisse com a hora da sesta, pus-me a segui-lo com curiosidade assídua.
Eram encontros – dizia – de homens de hoje com outros de ontem para interrogar-lhes, como se fossem, por não sei que classe de truque mediático, momentaneamente revividos, e fazer-lhes falar e dar explicações de alguns de seus atos e confessar suas intenções secretas, já obrigados a responder às perguntas, já postos na necessidade de justificar-se das coisas mal feitas de algum histórico.
O personagem entrevistado normalmente aparecia fielmente centrado no ambiente de seu tempo. As respostas se referiam à vida e ao pensamento que lhe caracterizaram. E quando os entrevistadores eram muito inteligentes – não sempre – em pouco mais de quinze minutos nos davam boas provas de habilidade mental com esboços de retratos histórico-psicológicos de uma feliz e muito vivaz finura.
Um depois do outro vinham interpelados, sem nenhuma ordem cronológica, Atila, Marat, Casanova, Marco Polo, Pitágoras, Copérnico, Bruto, Diderot, Swift, Marco Aurélio, Pilatos, Cleopatra, la Beatrice de Dante, etc., ainda que esta vilmente desfigurada.
Entre uma e outra audição me veio à mente uma observação muito extravagante:
“Falta uma entrevista com Satanás!… Seria interessante. Não obstante, hoje, com a habilidade que alcançou tal mestre para não fazer-nos crer nele…”
O calor daquela tarde era sufocante e me estirei sobre uma poltrona para recuperar-me um pouco do sono.
* * *
Na manhã seguinte, nada mais despertar-me: “Claro que uma entrevista com Satanás, ou melhor com o Maligno, seria fantástica! Que importa que tantos não creiam nele. E lembrei da fundamentação feita pelo Papa num de seus discursos da quarta-feira. Uma fantasia bem apresentada pelo menos alcançaria chamar a atenção sobre tal sujeito. Talvez também tirar o sono a mais de um”.
Não pensei nisto durante certo tempo. Mas a idéia se apresentava intermitentemente e, às vezes, com estranhas linhas de algo factível. Se poderia, por exemplo, dizer isto… apresentar assim um episódio… introduzir este ou aquele outro aspecto… Pouco a pouco este se fez um tanto meu sofrimento.
Uma entrevista com o Maligno. Não pensava precisamente meter-me nela. Vejamos então a quem confiá-la. Comecei entre mim a dar nomes. Pus em mente a vários. Enquanto pensava nisto, um depois outro ia descartando.
Meter-se a dialogar com o diabo, ainda que só seja sobre o plano da fantasia, não é coisa fácil. Ninguém aceitaria uma idéia tão bizarra, e sobretudo, fora de época: Coisa da Idade Média!
Entretanto, o estranho era isto: quando pensava levar a sério esta idéia, sentia meu ânimo abrir-se à serenidade e a coisa interessante. Pelo contrário quando me propunha não fazer nada, sentia-me inquieto e caía num estranho nervosismo. Havia em mim algo que colocar para fora, como uma liberação.
Em minha vida foi a primeira vez que tive a suspeita de ter necessidade de um neurólogo.
Uma tarde fui, como que obrigado por não sei que, a uma igreja, onde é venerada uma Virgem muito querida pelo povo romano, e a encontrei, como coisa rara, muito cheia de gente.
Aconteceu algo incrível. Apenas passada a porta, aproximou-se uma mulher de meia idade, de baixa estatura, com dois olhos luminosíssimos e doces, e de repente me disse: “Quando se decide a escrever aquelas coisas?…” E me olhava com insistência.
“Escrever? Que coisas?”
“Deixa disso, você sabe melhor que eu”.
“Mas você quem é?”
“Que interessa dizer-lhe quem sou? Vá ver Aquela – e indicou o quadro da Virgem – Vá ouvir o que Ela quer dizer-lhe.”
Um numeroso e compacto grupo de turistas invadiu naquele momento a entrada. A mulher foi envolta na confusão e a perdi de vista. Que coisa tão estranha! Uma alucinação ou um aviso do céu? Senti-me perdido e ridículo, sobretudo ridículo.
Encontrado uma posição adequada, antes de por-me aos pés da Virgem para rezar-lhe, aquela vergonha minha interna desapareceu como se fosse nada. Sem voltar a pensar no sofrimento que me molestava, experimentei dentro de mim como um empurrão dulcíssimo e firme a recolher-me no argumento para começar a fazer qualquer coisa.
Olhando a querida imagem, não me atrevi a pedir-lhe nada sobre isto, pois já advertia em mim uma promessa de assistência materna.
“Está bem, disse saindo. Embarcarei neste assunto. Eu mesmo escreverei esta estranhíssima entrevista. Sairá algo que me cobrirá sobretudo do ridículo. Mas terei tirado uma idéia fixa da cabeça”.
Fim da primeira parte. No próximo texto o primeiro de 10 encontros. Não deixe de ler..
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